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RJ cancelará cirurgias eletivas em hospitais públicos e férias dos servidores da Saúde



Visitas a pacientes ficarão restritas; decretos serão publicados na segunda-feira. Em áudio compartilhado, secretário de Saúde recomenda à rede particular que siga as mesmas recomendações. Até a tarde deste domingo, RJ tinha 24 casos confirmados.


A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro informou que vai suspender procedimentos cirúrgicos eletivos nos hospitais gerais públicos e universitários.


A medida, que será publicada em decreto na segunda-feira (16) e adotada por tempo indeterminado, foi tomada para bloquear leitos para tratar pacientes infectados pelo novo coronavírus. As exceções, segundo o secretário de Saúde, Edmar Santos, são as cirurgias de urgência e emergência.


Em um segundo decreto, o governo suspenderá as férias de todos os servidores da rede pública de Saúde do estado, para maior enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.


O terceiro decreto restringirá as visitas a uma pessoa por pacientes nas enfermarias, em dias alternados com horário ampliado. A visitação a pacientes internados com diagnóstico de coronavírus seguem proibidas, exceto em casos específicos previstos em lei.


As medidas que estão no decreto circularam também em um áudio nas redes sociais. A mensagem foi gravada por Edmar Santos, e a autoria foi confirmada pela assessoria de imprensa da Secretaria De Estado de Saúde.


Segundo o secretário, as visitas hospitalares serão "drasticamente" restritas. Pacientes com internados com teste positivo para o coronavírus não poderão receber visitas. Para os demais pacientes será apenas uma visita em dias alternados, com os horários de visitação escalonados ao longo do dia, e não concentrados em curtos períodos.


"Ou paramos o Rio de Janeiro agora, ou nos cobrarão o custo das mortes que virão", enfatizou o secretário de Saúde.


Segundo a Secretaria de Saúde, é estimado que o pico da doença no estado acontecerá dentro de duas a quatro semanas e o número de contaminados pode ficar entre 4 mil a 10 mil pessoas.


Nova orientação sobre testes


Os representantes do Ministério da Saúde dizem que a confirmação da transmissão comunitária no Rio de Janeiro e em São Paulo muda a orientação para aplicação dos testes. Agora, eles só serão recomendados na rede pública para pessoas com quadro grave. O objetivo é economizar recursos para identificar o coronavírus nas pessoas mais vulneráveis.


O secretário de vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, explica que a medida marca a passagem da fase de contenção (interromper a circulação do vírus) para a mitigação (cuidar dos efeitos).


"O que muda na prática é o modelo de vigilância depois da confirmação de transmissão local. (...) Se eu tiver uma transmissão comunitária, eu paro de fazer investigação leve e passo a monitorar casos de internação e vigilância sentinela (rede de laboratórios)", explicou o secretário de vigilância.


O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, lembrou que a pasta tinha plano de adotar essa mudança quando o país atingisse o centésimo caso.


"A gente não está mudando nada do que estava planejado. Não vamos fazer busca ativa de casos leves, só faremos nos casos de pacientes que se internarem, que são aqueles que têm síndrome respiratória aguda grave e vamos pegar os casos leves nas unidades chamadas unidades sentinelas (que aplicarão testes por amostragem mesmo em pessoas com quadros gripais mais simples)." - João Gabbardo, secretário-executivo do Ministério da Saúde


"Isso fica valendo agora para o estado de São Paulo, que está caracterizado como tendo transmissão comunitária, assim como o estado do Rio de Janeiro. Então, nesses dois estados hoje nós estamos deixando de impor a necessidade da busca ativa de casos leves", disse Gabbardo.


Medidas são adequadas, dizem especialistas


Especialistas ouvidos pelo G1 avaliam como positivas as novas medidas anunciadas pelo governo do estado. Eles enfatizam que a demanda hospitalar tende a crescer muito a partir de agora, uma vez que já foi identificada a transmissão comunitária do vírus.


“As medidas são excelentes. O momento agora é de união. Ou a gente reage agora, ou a gente vai passar por um mau momento daqui para frente”, disse o médico infectologista Gustavo Magalhães, que atua nas redes públicas municipal e estadual do Rio.


Magalhães enfatizou que tais medidas precisam ser tomadas antes do caos se instalar na rede hospitalar, por isso é preciso mobilizar toda a equipe médica e de enfermagem.


“O coronavírus se espalha com muita velocidade e com muita força. Muitas pessoas são até mesmo assintomáticas e é claro que é uma minoria que cai doente a ponto de precisar de hospital, mas temos que estar preparamos para atender”, disse.


Chrystina Barros, pesquisadora em saúde, também considerou que “as medidas são mais do que adequadas”, pois considera que necessário que “todo o sistema de saúde esteja a postos para atender à demanda”.


“Temos que ter médicos e enfermeiros trabalhando na ponta, mas também técnicos e administrativos na retaguarda. Vai haver uma alta demanda dos serviços hospitalares”, disse.


Questionada se essa mobilização está sendo tomada a tempo, Chrystina afirmou que sim, pois antes não havia demanda hospitalar por conta do coronavírus no país.


“No mês passado as ações principais eram de vigilância e monitoramento, para fazer contenção do vírus. Não havia demanda. Por isso, agora que já temos transmissão comunitária do vírus, precisamos estar preparados para atender aos pacientes”, enfatizou Chrystina.


“Foi nessa semana que a gente começou a identificar a transmissão sustentável do vírus no país. Então, eu acho que é o momento ideal de tomar essas medidas”, ressaltou o infectologista Gustavo Magalhães.


“A cada dia as decisões podem mudar. Pode ser que em alguns dias a gente tenha medidas ainda mais drásticas. Pode parecer exagero no momento em que forem tomadas, mas quando tomadas a gente costuma se perguntar por que não haviam sido tomadas antes”, acrescentou Chrystina.


Fonte Alba Valéria Mendonça e Daniel Silveira, G1 Rio

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