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Estudos apontam que vacina da febre amarela pode ser eficiente no combate a Zika

A pesquisa, desenvolvida pela Fiocruz em parceira com a UFRJ, está em fase de testes e apresenta resultados promissores


Nos últimos dois anos, pesquisadores passaram a estudar a eficácia da vacina da febre amarela no combate ao Zika / Foto: Agência Brasil

Uma descoberta de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pode evitar o desenvolvimento da infecção causada pelo vírus da Zika em humanos. O estudo está em fase de testes e apresenta resultados promissores no campo da ciência.


Os pesquisadores estão há três anos trabalhando em uma vacina contra a Zika. Nos últimos dois anos, o grupo passou a estudar a eficácia da vacina da febre amarela no combate ao Zika. O professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ (IBqM/UFRJ) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biologia Estrutural e Bioimagem (INBEB), Jerson Lima Silva, explica que o resultado é um esforço coletivo para frear o crescimento dos casos da doença no país.


“Nós estávamos participando desse esforço de vários laboratórios e de pesquisas no Brasil para buscar uma vacina, uma imunoterapia. A prevenção é sempre a melhor maneira de se combater uma doença viral e estávamos de fato usando outras estratégias até que surgiu a ideia de se fazer um teste com a vacina que é contra a febre amarela, que já é bem conhecida. O vírus da febre amarela e da Zika são da mesma família e possuem muitas semelhanças”, destaca Silva.


Metodologia 

Nesta primeira fase, o estudo usou como cobaias camundongos, incluindo animais com o sistema imunológico saudável (imunocompetentes) quanto com o sistema imune comprometido (imunocomprometidos). Os pesquisadores dividiram os camundongos em dois grupos: os que receberam a vacina com o vírus atenuado da febre amarela e os que receberam apenas uma solução salina, sem nenhum efeito imunológico. No grupo dos imunocompetentes vacinados, observou-se uma significativa redução da carga viral no cérebro e ausência dos sintomas, em comparação aos não vacinados, que apresentavam perda de peso e alterações neurológicas e motoras.


O coordenador da pesquisa explica que nesta segunda fase dos estudos os testes precisam ser realizados em animais maiores como os macacos, pois se aproximam dos humanos e o trabalho acaba sendo mais custoso e pode levar entre dois a cinco anos para ser finalizado. Silva ressalta que sem o apoio e financiamento público da pesquisa seria impossível alcançar os resultados obtidos.


“É sempre bom enfatizar que essa pesquisa só foi possível porque houve um investimento tanto à nível das agências de fomento, federais como o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], junto com o Ministério da Saúde, a CAPES [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] e também à nível do estado, a FAPERJ [Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro]. Então, apesar do beneficio ser muito grande, da ordem de bilhões de dólares, os recursos para fazer essa pesquisa não são poucos e se não tivesse ocorrido o investimento a pesquisa não teria acontecido”, detalha o professor.


Economia e eficiência

A descoberta da ação da vacina da febre amarela contra a Zika pode significar uma economia de tempo e dinheiro para o governo, uma vez que a vacina da febre amarela já é licenciada no Brasil.


Dados do último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde apontam para um aumento dos casos da doença entre os períodos de dezembro de 2018 a março de 2019. As análises comprovaram 2.062 casos prováveis de Zika no país, enquanto, em 2018, no mesmo período, foram registrados 1.908 casos prováveis. De acordo com o levantamento, a região Norte apresentou o maior número de casos prováveis (912 casos; 44,2%) em relação ao total do Brasil.


Segundo a Fiocruz, em 80% dos casos, a Zika não apresenta manifestações clinicas. Mas a doença é considerada grave em gestantes já que sua associação foi cientificamente comprovada à microcefalia em fetos. A epidemia de Zika durante o verão de 2015/2016 representou uma das maiores emergências na área de saúde do Brasil.


Edição: Mariana Pitasse

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