Fernando Ferry explicou por que o governo interveio no Iabas. Ele destacou ainda que fundação que assume gestão de hospitais de campanha é composta por ‘pessoas que já têm muito dinheiro’ e que não estariam envolvidas em irregularidades.
Secretário estadual de Saúde do RJ, Fernando Ferry — Foto: Reprodução/TV Globo
O secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, afirmou ser “uma brincadeira com o dinheiro público” as suspeitas sobre os contratos emergenciais para os hospitais de campanha do estado, no combate à Covid-19 no RJ. Ferry falou ao Bom Dia Rio desta quarta-feira (3).
Nesta terça (2), o governador Wilson Witzel assinou um decreto em queintervém na Organização Social (OS) Iabase assume a gestão das unidades. O contrato pode ser rescindido.
O MP e a Polícia Civil investigam irregularidades nas aquisições do estado contra a Covid-19, como a Operação Mercadores do Caos, que prendeu cinco pessoas.
"Essa questão de quem foi investigado, quem não foi, quem é culpado, quem não é, isso infelizmente é com a polícia. Eu espero que eles façam um bom trabalho, eu espero que encontrem todos os responsáveis", afirmou.
"Isso é uma brincadeira com o dinheiro público, eu não tenho nem palavras para poder falar", emendou.
Um mês de atraso
O Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúdereceberia R$ 835 milhõespara montar e operar sete hospitais de campanha no RJ.
Mesmo quando ainda não tinha recebido nenhum leito, o estado já tinha adiantado o pagamento de mais de R$ 256 milhões.
O governo havia prometido as sete unidades em operação até o dia 30 de abril. Mais de um mês depois deste prazo, apenas parte de uma delas, a do Maracanã, está aberta.
Após sucessivos adiamentos e justificativas, as demais nem sequer têm data de inauguração:
São Gonçalo -- adiado quatro vezes
Nova Iguaçu -- adiado cinco vezes
Duque de Caxias -- prometido para segunda (1), mas não entregue
Nova Friburgo -- prometido para domingo (7)
Campos dos Goytacazes -- prometido para o dia 12 de junho
Casimiro de Abreu -- prometido para 18 de junho
Anestesia no lugar de respirador
Segundo Ferry, "a gota d'água" para a intervenção no Iabas foia importação de equipamentos inadequados.
"Ontem (terça), às 19h30, é que eu fui saber que os respiradores que estavam no aeroporto na verdade não eram respiradores, eram carrinhos de anestesia", explicou.
Um dia antes, o G1 já havia mostrado um alerta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de que os 135 aparelhos não faziam parte dos protocolos de tratamento de Covid-19.
O Iabas contesta. Em nota, a OS afirma que "desde o início das negociações para compra dos carrinhos de anestesia em substituição aos respiradores a Secretaria de Saúde sempre esteve informada".
"É consenso internacional a utilização de carrinhos de anestesia como ventiladores, principalmente no momento atual, em que sistemas de saúde do mundo inteiro estão em busca desses equipamentos, o que leva à escassez do produto", afirmou.
"O Iabas destaca que os carrinhos de anestesia AX400 não são apenas respiradores, são equipamentos complexos e modernos que possuem muitos recursos, além de funcionar como respiradores, e era a opção disponível no momento", emendou.
Fonte: G1
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